Mito e identidade foram temas de debate na tarde de quinta-feira

Postado por: Trombetas | Marcadores: , , | às 16:40

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Janini Sanches e Maressa Nunes

Exótico é sempre o estrangeiro, quem está de fora, e que, por hábito, a partir de nossa percepção mentacultural, ou senso comum, buscamos trazer para dentro daquilo que já conhecemos. Qualquer coisa a ser dita sobre o outro é muito precária e motivada por nosso "conhecimento" sobre os aspectos socioculturais. A ampla discussão sobre o outro e sua importância para a formação cultural do país através de suas crenças foi o tema principal da mesa "Permanência e Recriações da Mitologia Africana no Brasil" que aconteceu no Cine Teatro Vila Rica nesta quinta-feira.

O mito traz a idéia de pertencimento, mesmo não sendo uma verdade absoluta. Sempre há perspectivas diferentes, o que exclui a possibilidade de haver detentores da verdade. "Dentro da mitologia é que você vai encontrar o cerne de sua identidade coletiva", diz professor Felix Ayoh´Omidire. O mito serve como modelador de conduta, por isso o escritor Alberto Mussa reforça a importância de não separar as heranças africanas do processo de formação da identidade cultural brasileira. Caso não haja o entendimento de que a cultura africana pertence também à cultura brasileira, a identidade funcionará mais como fator de afastamento do outro, do que de aproximação.

Ainda falando sobre a formação identitária, os convidados da mesa discutiram sobre a falta de ensinamento da mitologia e da cultura africana nas escolas brasileiras. Sobre isso, o mediador Luiz Antônio Simas fala como a sociedade brasileira foi planejada após a abolição da escravatura. "Este é um processo complicado, pois a sociedade brasileira durante um bom tempo sofreu um processo de branqueamento, em que o imigrantes europeus eram incentivados a ´se casar´ com as mulheres negras". O processo de branqueamento da sociedade não se ligava apenas a pele, mas acreditava-se também no branqueamento da cultura, numa equivocada maneira de pensar que a "cultura negra" é menos importante que a "cultura branca".

No intervalo entre a mesa das 15h e a das 17h, foi apresentada uma esquete teatral, do Grupo Matulandante, no Largo do Cinema.

Através de um teatro de bonecos, os atores fizerem uma breve ilustração, lúdica e musical, da história de Chico Rei.

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