Cia de Teatro Corpo de Prova se apresenta em Mariana

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Leidiane Vieira
 
Nos dias 16 e 17 de outubro, o Teatro SESI - Mariana recebeu a Companhia de Teatro Corpo de Prova que se apresentou com a peça cômica “As duas filhas de Francisca”. A companhia, que é de Ipatinga, Minas Gerais, já esteve na cidade antes, com o espetáculo “Santinhas do Pau Oco”. Como sugere o próprio nome, a peça “As duas filhas de Francisca” faz referência a história de Zezé de Camargo e Luciano. Diva Francisca é uma senhora frustrada por não ter conseguido ficar famosa, e que por isso, faz de tudo para que suas filhas, Dalva Maria e Deise Júnior tenham uma carreira astística de sucesso.

Francisca obriga as meninas a participarem de processos de seleção para circos, teatros e programas de TV, apesar de as garotas não terem  talento algum. A peça de inicia com uma interação entre o elenco e o público, quando o ator que interpreta um dos diretores que avalia as garotas, faz inúmeras piadinhas com a platéia. Depois, já no palco, vê-se incontáveis discussões entre mãe e filhas. Nelas, a personagem Francisca, às vezes é até engraçada, mas em grande parte do tempo apenas diz frases que não despertam o humor de quase ninguém. Já as meninas, com o tempo acabam por cansarem a platéia com seus trejeitos exarcebados.

Além disso, o elenco usa o mesmo figurino durante quase toda a peça, a repetição também pode ser vista nas cenas, que mais parecem um círculo vicioso baseado no mesmo estilo de piada que se pauta por comentários de senso comum. Em uma das cenas, Francisca e suas filhas vão em um programa chamado “Barracos de família”, uma clara referância ao programa da emissora SBT, “Casos de família”. Aliás, assim como está, a maioria das comparações feitas ao longo da peça ficam tão evidentes e são tão óbvias que sequer admiram, poderiam ser feitas pelo mais amador humorista, sem qualquer dificuldade.

Desde o nome dos personagens até as piadinhas que são feitas, não se vê quase nenhuma criatividade. E para completar, a música tema do filme “Os dois filhos de Francisco” faz parte da trilha sonora do espetáculo.  Mas eu não podeira  deixar de comentar a boa atuação dos atores, o que os prejudica  mesmo, é o roteiro, que certamente deixa a desejar.

Devaneios e abstrações constituem pintura

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Maria Aparecida Pinto

Imagine um pássaro que voa em um céu azul límpido. Aqueles batimentos contínuos de asas, aquele espantar de nuvens. É um pássaro e um céu azul, mas quantas coisas mais podem ser? Por que não deixar que a ave voe para longe e descubra horizontes nunca antes revoados? É este mesmo convite que Arlindo Flausino nos faz na exposição Abstratos, que se encontra na Galeria SESI-Mariana podendo ser visitada de terça a domingo de 9h as 19h, até o dia 31 deste mês.

O artista plástico marianense aprendeu as primeiras pinceladas em 1986 com Jacinto Gamarano. Após construir uma trajetória de pinturas que retratam os casarios históricos das cidades barrocas de Minas, se embrenha por uma nova fase composta de telas de temas abstratos que são uma forma de exercitar a liberdade criativa por meio de uma explosão de cores.

A composição de cores frias e quentes remete às flores exóticas ou às florestas tropicais banhadas pela chuva, em alguns casos. Nas 25 obras, as abstrações são construídas por quadriculados irregulares, sinuosidades e o uso na pintura do recurso tátil.

Como Ícaro da mitologia, que gostaria de subir ao céu com asas de cera, subamos um pouco mais para admirar sois amarelos e azuis de pinceladas mais fortes ou mais amenas, mas subamos com as asas da abstração que resistem ao mais forte sol vermelho. Asas que tornam montanhas nevadas ou a bruma do mar tão próxima que pode se sentir suas cores suaves e pastosas.

A ordem é partir para o devaneio, a poética da arte, e entrever perfis, profundidades e tridimensionalidades em tons pastel e em tons de imaginação construtores de um novo mundo em que o pássaro com suas penas fartas e leves revela flores em uma composição de cores e não somente formas. Trata-se da ave que descobriu novos horizontes.

Crônica: Simples Almoço

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Natália Goulart

Cardápio do dia: blanquette de veau, de sobremesa - creme brûlée. Hoje acordei cedo, marquei um almoço em Ouro Preto. Imagine um restaurante repleto de quadros sobre o Renascimento e outras artes, cadeiras envernizadas de um marrom velho, um jazz refinado de Miles Davis, três relógios dourados daqueles que os números saltam o vidro, azeite da Grécia, taças verdes, vinhos e uma recepção de dar gosto. Os pratos brancos eram enormes, no entanto, pouca comida como manda os bons costumes.

Camila Emílio ainda não tinha chegado, mas Beatriz (jornalista), Grasi (atriz) e eu, já estávamos lá esperando a arte-educadora aparecer. Próximo ao restaurante, via-se o departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto, porém, não tinham muitos estudantes desse curso almoçando. Acho que eram engenheiros, biólogos, farmacêuticos ou coisa do tipo. Pelo menos foi a impressão que todas nós tivemos. Aguardamos mais um pouco e Camila chegou. Perguntei para
ela: - Engraçado, esse restaurante sempre fica lotado? E ela respondeu num tom irônico: - Agora deu pra ficar assim, cheio de gente.

Achei estranho, mas não quis prolongar a conversa. Estávamos morrendode fome, e nessas horas, não é bom ficar questionando sobre, até porque algumas pessoas quando sentem muita fome ficam estressadas.

Camila sentou e logo pedimos o cardápio. Escolhi um vinho do Porto, Grasi tomou um suco e Beatriz, como de costume, pediu um chá gelado de limão. Na mesa, falávamos sobre teóricos das artes, posteriormente, sobre a convergência das mídias (tema atual nos estudos do Jornalismo).  Neste momento, Beatriz tagarelava e tirava fotos para registrar aquele momento.

Parecia que estávamos em um mirante, da janela do restaurante se enxergava as montanhas lá embaixo e várias casas irregularmente dispostas.

Senti algo estranho, como um colapso de memória. Parecia não pertencer àquele lugar. O vinho já não era mais vinho, senti um gosto de coca-cola. O blanquette de veau se transformou em: arroz, feijão, batata e, novamente, feijão (só que branco). O suco da Grasi era suco, mas daqueles vagabundos e o chá da Beatriz nunca existiu. Não somos jornalistas, atrizes ou arte-educadoras, apenas estudantes. O restaurante não era o mesmo das primeiras linhas desse texto, mas sim, o RU (Restaurante Universitário) da UFOP. A fila rodava quarteirões.

“Tudo é Jazz”, até Maurício Tizumba

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Allan Almeida

Ele é ator, compositor, cantor, um verdadeiro “multiartista”. Em suas apresentações, busca sempre reverenciar a cultura popular brasileira, carregando em sua música e imagem, traços de sua própria vida, de sua terra e de seus costumes. Nem precisamos escrever muito para falar sobre Maurício Tizumba, artista dessas Minas Gerais, carregando mais de 35 anos de carreira.

Sua presença nos diversos cenários culturais se deve mais do que ao talento. Deve mais à própria sobrevivência. “Não é inspiração. É a necessidade que eu tenho de sobreviver. Eu precisava e quando eu vi, já estava fazendo tudo isso aí.”, relata o artista.

Em diversas de suas apresentações musicais, Tizumba aliou seu estilo popular ao Pop Rock, MPB, Samba entre outros. No Festival Tudo é Jazz surgiu um novo desafio: aliar-se ao estilo musical mais popular dos Estados Unidos, e junto a isso, prestar homenagem a um dos ícones do Jazz norte-americano, Louis Armstrong. O desfio foi aceito, e Tizumba, mesmo confessando certa dificuldade para cantar em inglês, conseguiu cumprir a missão. Mais uma vez integrou música com diversão para o público presente.

Tizumba resume essa miscigenação de estilos como forma de democratizar a escolha e o gosto das pessoas. “A gente deve misturar tudo para as pessoas de uma forma bem legal e deixar que todos escolherem o que for melhor. É ruim quando você é obrigado a escutar um só estilo.” O cantor vê o jazz ainda como um estilo aliado à elite, quando tratado fora dos Estados Unidos. No caso do Brasil, Tizumba acha difícil que um espaço maior seja dado a ele. “É uma coisa complicada a gente querer popularizar o jazz na terra do samba. Ele já está no lugar certo aqui no país. Eu acho legal se tiver que levar o jazz para os morros, para os guetos, mas isso é difícil de acontecer”.

Essa foi a segunda vez que Maurício Tizumba esteve presente no Tudo é Jazz. Em 2008, quando o evento prestava homenagem a Miltom Nascimento, o artista esteve no palco ao lado do cantor Mola Sylla.

Repertório instrumental em Mariana

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Maria Aparecida Pinto

A Orquestra Jovem de Violões se apresentou no dia 19 de setembro, no Teatro SESI-Mariana. O grupo de Itabira é composto por 22 jovens que possuem idades entre 12 a 24 anos.

Formada em 2006, a Orquestra tem apoio da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e pelo terceiro ano consecutivo tem seu projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura de Itabira, a Lei Drummond.

Sob a regência do maestro Paulo Henrique Pinto Coelho Rodrigues Alves, 14 integrantes da Orquestra executaram obras que perpassam o classicismo de Ludwig van Beethoven e Mozart às melodias inconfundíveis de Gonzagão, Pixinguinha, Raul Teixeira, Beatles, a Bossa Nova de Toquinho e Vinícius. Temas regionais foram contemplados por canções tradicionais como o cateretê e xote.

Devido ao número reduzido de partituras para quartetos de violões, a Orquestra apresentou composições próprias, como “Romaria” de Raul Teixeira. Com 17 músicas, o repertório apresentado foi todo instrumental.

Segundo o maestro Paulo Henrique, a formação do grupo é semelhante à formação de um coral. Os músicos não participam todos simultaneamente, há quatro naipes diferentes (naipe um ao naipe quatro) que se intercalam e se mesclam em momentos específicos proporcionando a melodia.

Contrariando a lógica bastante difundida da voz e violão, o conjunto revelou um novo olhar eclético diante das músicas, como em “Tarde de Itapuã”, “Help”, “Carinhoso” e no famoso tema do programa esportivo Esporte Espetacular, um dos arranjos mais antigos do grupo.

Festival Internacional de Corais 2010 realiza apresentação em Mariana

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Maria Aparecida Pinto

Em sua oitava edição, O FIC, Festival Internacional de Corais, homenageou Milton Nascimento. De 17 a 26 de setembro, 5 mil vozes se reuniram em entre corais nacionais e internacionais, além de artistas convidados. Com o intuito de difundir e fomentar o canto coral e a música popular, o Festival conta com 50 espaços para apresentação em Belo Horizonte. No interior do estado mineiro, 16 cidades sediam suas apresentações.

O Teatro SESI-Mariana recebeu o FIC no dia 18, sábado. O evento iniciou-se com o Show de Anthonio & Bernardo Rodrigues. A dupla de Divinópolis se apresentou pela primeira vez em Mariana. Anthonio cantou cinco músicas, entre elas “Maria, Maria” de Milton Nascimento e “Do Rosário”, com letra de Anthonio e música de Milton Nascimento.

A composição musical, que leva o nome de uma rua em que o cantor morou, retrata a vida deste período, a fé em Minas e também as experiências vivenciadas na parceria com Milton Nascimento durante o show “Tambores de Minas” - realizado em 1997 e em 1998.

O som do teclado de Bernardo Rodrigues e a voz serena, mas marcante de Anthonio, compuseram um riquíssimo cenário, fazendo-se perceber todas as portas da mineiridade. Hora em tons mais altos, hora em tons amenos. Delicadeza e a resistência formatam a poesia. 

A narrativa melódica retratou aspectos cotidianos e singulares captados pelo elevado grau de sensibilidade perceptiva. É esta vertente que também marcou as apresentações dos quatro corais que sucederam à dupla.

Coro da Ladeira foi o primeiro coral a se apresentar. O grupo do Rio de Janeiro participou pela segunda vez no Festival. O segundo a se apresentar, o AABB de Niterói, tomou parte pela primeira vez no FIC. O Coral Trem das Vozes, composto por funcionários da Rede Sarah de Hospitais da capital mineira, foi o terceiro a se apresentar. Finalizando o evento, o Coral das Escolas Municipais de Juiz de Fora se destacou pela interpretação de músicas populares na voz das crianças que formam o grupo.

Com um repertório plural formado por músicas de nomes consagrados como Antônio Nóbrega, Noel Rosa, Luiz Gonzaga, Cartola, Roberto Gil, Dominguinhos, Wilson Simonal e Milton Nascimento, se contemplou diversificada gama de interesses musicais com a apresentação do Coral das Escolas Municipais de Juiz de Fora. Obras como “Mateus Embaixador” (melodia de Maracatu), “Seja Breve”, “Caçador de Mim”, “O sol nascerá”, “A semente do amanhã”, “Basta querer” e outras conhecidas composições brasileiras foram relembradas pelo Coral.

Vozes que se somam para constituir solidariedade de ritmo e som. Algumas vezes, uma se destaca, mas é para introduzir o conjunto, para emoldurá-lo. São momentos de devaneios, visitas constantes ao passado que habita a parte mais concreta das cidades, e conclamam ao público que participe, exerça seu poder de interação com o palco e com aqueles que se valem deste suporte. Podem ser palmas ou segundas vozes. Segundas vozes que ressaltam a primeira.