Um passeio com Chico

Postado por: Trombetas | Marcadores: , , , | às 21:04

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Uma conversa animada com o músico Chico Amaral

Fernando Gentil, Mayara Gouvea e Olívia Mussato

O restaurante Bené da Flauta foi palco da programação do Jazz Paralelo em Ouro Preto, juntamente com mais 19 restaurantes da cidade. Nem todos os estabelecimentos trouxeram o verdadeiro jazz para as apresentações musicais, nem inovaram nos pratos, mas o almoço de sábado no Bené da Flauta...

Na porta do restaurante, Chico conversava com dois amigos. Com chapéu panamá, camisa listrada e calça clara, a imagem do típico malandro vinha à mente, ligando o artista ao universo do samba. No entanto, Chico Amaral, que gosta tanto de misturar estilos musicais, naquele dia respirava o jazz. E só o jazz.

Começamos o papo antes de sua apresentação e caminhamos até a porta de sua casa numa deliciosa prosa a la Minas Gerais.

Há oito anos, Chico e Eduardo Tropia deram o pontapé inicial no Circuito do Jazz Paralelo. Já na segunda edição do Festival Tudo é Jazz era visível a necessidade de contemplar todo o público e envolver os restaurantes e bares da cidade barroca em torno do ambiente jazzístico. Assim, o Jazz Paralelo foi criado.

O músico comentou sobre o Festival de Jazz e suas mudanças. Apesar de ter aprovado e preferido o ambiente do Teatro Ouro Preto para as apresentações, ele reconheceu que o evento se tornou mais elitizado. Fato que, de certa forma, dá mais importância ainda ao Jazz Paralelo, segundo Chico.

Ainda sobre a elitização do Festival, Chico Amaral criticou o alto preço dos ingressos – o último lote chegou a 230 reais – e a ineficiência da divulgação. Mas ele não culpa a organização do evento, e afirma que a equipe se preocupa em oferecer atrações gratuitas para a cidade, democratizando o Tudo é Jazz. Para Chico, o maior problema foi a falta de patrocínio. As empresas que apoiam eventos culturais têm retorno financeiro, a divulgação de seu nome e ainda, a população reconhece os investimentos em cultura. “Cultura gera negócio no mundo capitalista. Não é a minha porque eu sou comunista”, enfatizou o músico.

Depois de uma paradinha em sua casa, a conversa sobre o Festival tomou rumos mais intimistas. Para Chico, o Festival de Jazz é uma oportunidade única para os músicos terem contato uns com os outros e agregarem experiências e conhecimentos. O ápice foi a parceria com Maria Schneider no Tudo é Jazz 2007. “Tocar com Maria Schneider foi a experiência musical mais importante da minha vida”, declarou Chico Amaral.

Deixamos o Festival um pouco de lado e focamos em sua carreira. Entre as novidades para quem acompanha seu trabalho, está a proposta de criação de uma cooperativa de músicos. A ideia é a divisão igualitária dos recursos financeiros e culturais entre os artistas.

Chico Amaral também contou sobre algumas de suas parcerias. Uma delas foi no último álbum de Erasmo Carlos, “Rock’n’roll”, em que Chico contribuiu como letrista em duas músicas, “Noite Perfeita” e “A Guitarra é Uma Mulher”.

Chico também contou de sua parceria com músicos mineiros, como Samuel Rosa, Kadu Vianna, Marina Machado, Milton Nascimento, entre outros. Segundo Amaral, trabalhar com estes artistas o ajudou muito em fazer música de qualidade e diversificada.

Da MPB ao Rock, passando pela música clássica, o jazz e outros estilos; Chico conta que é apaixonado por música de boa qualidade. “O que me faz viver no dia a dia é tocar e estudar”, comentou. Antes de subir ao palco do restaurante, Chico Amaral deixou um recado ao citar uma música da banda Led Zeppelin: “Música é o meu equilíbrio”.

Uma pessoa animada, extrovertida e consciente: esse é o Chico Amaral que conhecemos no Tudo é Jazz 2010.

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